Quando eu era pequeno eu tinha uma jabuti chamada Gertrudes, a menininha gostava de tomar banho, comer banana e ir atrás do meu cachorro, o Boby.
O que mais me chamava a atenção nela era a sua calma, eu sei que parece irônico e até meio óbvio eu dizer isso, por que afinal, ela era uma tartaruga, é de se esperar que elas sejam lentas, mas a Gertrudes não era lenta, ela era rápida, mas era calma.
Lembro de uma vez que lá foi ela atrás do Boby, ela sempre queria ir brincar com ele, mesmo ele a ignorando toda vez, até que um dia ela foi num momento inoportuno, quando ele estava comendo. Eu me lembro de ter gritado quando vi a cena, o Boby foi direto com a boca aberta na cabeça da pobre Gertrudes. Acho que ela nunca tinha estado tão perto do perigo assim, só sei que ela se afastou e botou sua cabeça pra fora do casco, ufa! ela estava bem. Mas não se engane pensando que ela parou de correr atrás dele, ela o amava.
Um dia fiz esse desenho de uma tartaruga marinha e ela me fez lembrar da Gertrudes, como eu disse, ela era calma, pois mesmo com o caos em volta dela, cachorro latindo, galinha passando pra lá e pra cá com os seus pintinhos e ainda com chuva, ela continuava a andar pelo quintal numa vontade de viver.
Se eu puder lhe dizer algo é: o mundo pode ser caótico, mas não perca sua vontade de viver, por favor.
Eu não sei o que aconteceu com a Gertrudes, um dia cheguei em casa e ela não estava mais lá, meu pai havia dado ela embora. Tenho saudades.
Espero ver ela no grande dia com sua felicidade no olhar, assim como o Boby e todos os outros bichinhos que eu já amei.